Protocolo – ensaio Forfezinho
No último domingo, dia 22 de maio, trabalhamos apenas com a orientação do Sassá, que sempre contribui com novos olhares e levantamentos a respeito das nossas ideias, propostas e cenas que estamos construindo. O processo criativo está reverberando em nós, e a cada ensaio estamos mais inteiros, mais envolvidos e tomados de vontade de fazer e realizar.
O Forfezinho vem se integrando de uma forma mais densa, onde estamos, aos poucos, encontrando as energias comuns, a nossa identidade coletiva e nossas características mais fortes. Os encontros estão ocorrendo também aos sábados, onde procuramos trabalhar com mais intensidade o corpo (a capoeira tem sido uma grande aliada) e agora também a voz. Os ensaios aos sábados estão sendo fundamentais para um envolvimento cada vez maior e um amadurecimento corporal e criativo.
Domingo de manhã estava um sol forte, um céu azul sem nuvens, muito bonito, porém estava frio, – e o nosso corpo fica um pouco mais preguiçoso quando está frio – mas é interessante perceber que assim que o ensaio começa o frio é esquecido e o corpo vai sendo acordado com os alongamentos e aquecimentos, ganhando um estado de prontidão, já não existe mais nada lá fora, todas as outras coisas mais são esquecidas, parece que o tempo para e naquele momento o teatro acontece.
Realizamos vários exercícios, alongamos e depois caminhamos pelo espaço evocando várias sensações, a sensação de ser visto de diferentes formas, a sensação de ver de diferentes formas. O exercício foi basicamente EU QUERO VER, EU QUERO SER VISTO! Como é ser visto com pena, com compaixão, com seriedade? Como é o olhar e o jeito de quem vê com pena ou compaixão ou seriedade, como eu olho para o outro demonstrando esses sentimentos? Como é ser o centro das atenções? Como eu quero que os outros me vejam naquele momento, e como fazer para que todos me vejam? Para que todos olhem para mim necessariamente eu preciso fazer graça, preciso ficar sério? Como conseguir chamar a atenção de todos de formas diferentes? Todas essas indagações foram respondidas em ações, enquanto caminhávamos pelo espaço. Após esse exercício realizamos o exercício QUANDO EU FOR PARA A LUA EU VOU LEVAR...
‘Quando eu for para a lua eu vou levar... ’ foi realizado de duas maneiras. Na primeira vez cada um apenas ia dizendo o objeto que ia levar, sempre repetindo os objetos que os demais tinham falado anteriormente e acrescentando o seu, sendo assim os objetos iam se acumulando e na nossa vez de falar tínhamos que lembrar da ordem e não podíamos esquecer de nenhum. Na segunda vez fizemos tudo como da primeira, porém tínhamos que representar gestualmente o objeto. O engraçado é que quando começamos a imaginar que os objetos realmente estavam ali, ficou mais fácil lembrar de cada um. Gostei muito! Nos divertimos muito!
O próximo passo foram as cenas. Trabalhamos o coro, as falas... Sempre abertos às novas ideias e mudanças que vão ocorrendo, porque a cada ensaio surgem novas propostas, modificações, maneiras diferentes de fazer.
Estamos caminhando e cada dia mais seguros de nossos passos.
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Palavras: FORFEZINHO, PRONTIDÃO, INTENSIDADE.
Neriane Libardi