27/03 – domingo
Local de encontro: engenho
Orientadores: Vânia Lima, Thaís Dias, Adriano Mota, Elias Lima, Sassá
DESCOBERTA
No ensaio de domingo, após um longo aquecimento e treinamento de concentração, sincronização, energia coletiva, improvisamos num exercício cênico, imagens coletivas, onde cada um se apropriava de um corpo, de um rosto, de um sentimento, para compor O TODO. Mas o mais interessante não foi o exercício em cima, mas o processo para se chegar até ele. Todas as atividades que realizamos antes foram fundamentais para entrarmos num estado de trabalho que contribuiu para a atividade final. Como é perceber o outro, a respiração do outro, os movimentos do outro, sem que você esteja olhando para ele? Descobrimos nesse ensaio! Aliás, individualmente e coletivamente fizemos grandes descobertas.
Para mim foi muito importante as experiências feitas nesse ensaio, tive respostas das quais já buscava faz um tempo. Até então, não estava conseguindo compreender como se apropriar de um corpo que não é meu, mentalmente estava claro para mim, mas corporalmente eu só compreendi agora. Essa compreensão se deu através de um exercício simples, onde eu deixei de movimentar meus braços, o movimento dos meus braços era cotidiano no meu corpo e não movimentá-los foi algo muito estranho. Nesse momento já não era mais eu, e as minhas indagações foram respondidas, as respostas não vieram teoricamente e sim corporalmente. Primeiro senti no meu corpo e depois compreendi. O estado era estranho e foi quando a Vânia disse algumas palavras a respeito do ESTRANHO e percebi que é por meio desse estado que, daqui para frente, encontrarei muitas outras respostas.
Cada um trás um olhar diferente do outro, cada um sempre tem alguma contribuição única para nos dar. É maravilhoso contar com todos e poder trocar aprendizado. No processo todo e desde quando nos reconhecemos por grupo, estamos aprendendo a trabalhar em grupo, estamos aprendendo a confiar no outro, a conhecer o outro e a conhecer a nós mesmos. Somente quando você se conhece, é possível trabalhar com o que é seu, com aquilo que se tem de melhor. Quando você percebe o coletivo num crescente, os componentes se superando, você entende que há coisas que só se conquistam em grupo.
Tivemos tantas sensações interessantes, tantas descobertas sobre os outros e sobre nós mesmos que decidimos que esse protocolo deveria ter um pouquinho de cada um, portanto seguem-se nas linhas seguintes palavras do coletivo. (NERIANE).
VISCERALIDADE
O grupo com suas sensações foi convidado a se ligar, CONECTAR, tudo através da respiração sincronizada. Após isso o grupo se unia e fazia uma foto, era a UNIÃO DAS SENSAÇÕES. Você, com suas sensações, SENTE o que vem do outro e usa a seu favor: VISCERALIDADE COLETIVA.
Uma mão, um olhar, o esconder a “foto” formada, traz uma NOVA CENA. Pequenos gestos modificam um CORPO todo.
Usar suas sensações do momento é o segredo. Se for cansaço, se for raiva, dor... Aproveite tudo isso, mas tudo tem que VIR DE DENTRO. (MATTEUS).
UNIDADE
Particularmente, acredito que este encontro foi útil para complementar uma discussão que tivemos tempos atrás, sobre finalmente sermos uma unidade, em vez do coletivo de indivíduos que somos hoje. Ao mesmo tempo, percebo que evoluímos um pouco. (EDUARDO).
ESTADO
Durante os exercícios procurei explorar o máximo de mim e do meu corpo, se entregar por INTEIRO e tornar o mais REAL possível a atividade realizada pelo grupo.
Como comentei no bate-papo no final das atividades, percebi que eu TENHO instinto de proteger quem está a minha volta (por isso dos braços abertos na formação da imagem).
Foi uma atividade de muita força física e mental [...] que nos levou para outro estado de espírito.
Me senti parte de um grupo que estava em situações de risco, lutando por sobrevivência, que em bloco, buscava o apoio no outro para VENCER as dificuldades.
Olhando pode até não parecer, mas foi uma atividade de esforço extremo, estamos todos cansados e com dores no corpo.
Apesar do esforço gerado, foi uma atividade gostosa que trouxe uma POESIA a e imagens belíssimas. (SAMUEL).
ENTREGA
O encontro trabalhou o coletivo de forma que todos entrassem em SINTONIA e fossem GUIADOS pelos movimentos espontâneos, espontâneos, mas com propostas; exigiu também CONCENTRAÇÃO e IMAGINAÇÃO, mas mais que tudo exigiu ENTREGA, o que não é fácil para algumas pessoas (eu, no caso...), mas é essa SUPERAÇÃO que faz com eu que tenha mais vontade de participar, de ser ativa, de me fazer presente e poder contribuir com o que já adquiri. (WILMA).